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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O homem que se recusou a saudar Hitler

Esse corajoso 'desconhecido', na verdade, chama-se August Landmesser, nascido em 24 de maio de 1910, filho de August Franz Landmesser e Wilhelmine Magdalene. E em 1936, em pleno auge do nazismo, recusou-se a fazer a saudação a Hitler. Por detrás de uma fotografia, uma história de amor divulgada 76 anos depois.


August Landmesser

Em 1936 uma multidão juntava-se em Hamburgo para assistir ao lançamento de um navio de treino nazista. Enquanto centenas de pessoas levantavam o braço direito para aclamar Hitler, um homem destacou-se na multidão por manter os braços cruzados, franzir os olhos, e se recusar a fazer a saudação.

Mas só em 1991 este homem foi identificado por uma das suas filhas como sendo August Landmesser, um trabalhador do estaleiro de Hamburgo, revela o Washington Post.

A foto publicada num jornal alemão, foi posteriormente divulgada num blog criado para facilitar as operações de socorro no Japão, depois do terremoto e tsunami de março de 2011. A imagem, recuperada também numa página do Facebook, rapidamente deu a volta ao mundo e já conta com quase 30 mil partilhas.

Ao que parece, Landmesser tinha uma razão muito pessoal para não fazer a saudação. De acordo com um site sobre o campo de Auschwitz, pensa-se que em 1931, se filiou ao Partido Nazista, com o objetivo de arrumar um emprego. O homem terá feito parte do partido nazi entre 1931 e 1935, no entanto foi expulso por ter casado com uma judia, Irma Eckler.


Depois de ter duas filhas com Irma, foi preso por “desonrar a raça”. Acredita-se que Irma terá sido detida pela Gestapo e levada para uma prisão em Hamburgo. As filhas, Ingrid e Irene, foram separadas: uma ficou vivendo com a avó materna e a outra foi levada para um orfanato até ser adotada por uma família.

Irma Eckler e suas filhas (Irene e Ingrid )

Landmesser foi libertado em 1941 mas rapidamente foi chamado a servir na guerra. Pouco tempo depois foi dado como desaparecido e todos julgaram que tinha morrido em combate

Em 1996, uma das filhas, Irene, resolveu escrever uma história com o objetivo de contar ao mundo como o regime destruiu a sua família. 16 anos mais tarde, a narração espalhou-se pela Internet e foi revelado mais um tesouro histórico.